No Piauí, abelhas sem ferrão ajudam produtores de mel
A apicultura é uma fonte de renda formidável, pois pode ser desenvolvida em conjunto com o plantio de outros gêneros e não implica em gastos excedentes para o lavrador. Essas espécies de abelhas são pouco agressivas, podem ser usadas com segurança na polinização de espécies vegetais cultivadas em ambientes fechados e, por possuírem o ferrão atrofiado, não carecem do uso de roupas especiais para a extração do mel.
A pesquisadora Fábia de Mello Pereira conta que a Embrapa desenvolve um amplo trabalho com abelhas sem ferrão. De olho nas dificuldades enfrentadas pelo homem do campo em consequência da seca, que já é a pior da história, o órgão fornece um programa completo de incentivo aos produtores, atualmente executado nos municípios de Uruçuí, Guadalupe e São João dos Patos, no Maranhão.
O programa está confirmado até 2014 e tem a possibilidade de ser renovado pelos próximos cinco anos com financiamento do próprio órgão. É um projeto de desenvolvimento lento, mas que com o devido cuidado pode florescer um sem número de oportunidades para o homem do campo.
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Fábia conta que no início o projeto encontrou alguma resistência, pois os agricultores preferem trabalhar com a agropecuária. Mas após a assistência fornecida pela Embrapa, os produtores registraram ganhos consideráveis na produção.
“Buscamos incentivar a valorização do homem do campo com esse projeto. Além de fornecermos as colmeias, nossa assistência inclui a sensibilização, assistência técnica e capacitação para o negócio. A apicultura é rentável, de baixo custo e pode ser aplicada em quase todo o Estado. É um processo que demora para ser absorvido pelos lavradores, mas estamos conseguindo bons resultados com o projeto”, conta.
Litro de mel de abelha nativa pode ser vendido por R$ 40
A boa cotação do mercado do mel é um atrativo para os agricultores familiares do Piauí. Um litro do produto gerado pelas abelhas nativas chega a ser vendido entre R$ 10,00 e R$ 40,00. Aliado ao baixo investimento e a facilidade de manter as abelhas próximas das residências tem estimulado os criadores a embarcar na atividade.
Outra característica conspira a favor da apicultura: a função social. A partir da assistência ministrada pelos peritos da Embrapa, os agricultores criaram uma maior consciência ecológica. “Se antes eles optavam pelo extrativismo, que mata as abelhas e contribui com a extinção de muitas espécies de animais, hoje eles pensam em renovação. Pelo fato delas precisarem das plantas para coletar o néctar, notamos que eles estão mais conscientes dos riscos causados pelo desmatamento e buscam não utilizar mais a prática”, analisa a pesquisadora da Embrapa, Fábia de Mello Pereira.
Os resultados são tão frutíferos que ainda este ano a Embrapa no Piauí estenderá o projeto de apicultura das abelhas silvestres para os municípios localizados nas ilhas do Delta do Parnaíba. Para 2013, o órgão estuda o desenvolvimento do programa em todos os municípios circundados pela barragem de Boa Esperança.
Apicultores direcionam produção de mel para o mercado nacional
Apesar do desenvolvimento promissor das espécies de abelha, o escoamento da produção de mel passa por maus bocados. A escassez de chuvas no Estado é responsável por perdas de 25% da produção. A solução é escoar para o mercado interno, que não depende de um volume tão alto de produção apícola e nem prazos rigorosos.
Antônio Leopoldino Sitonho, presidente da Casa Apis em Picos, explica que os custos com frete, seguros e despesas aduaneiras também encarecem o preço final do produto. A solução é apelar para o escoamento local da produção, que não depende da irregular situação climática do Estado.
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